quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Uma esperança... nada mais!

Barack Obama foi eleito presidente dos EUA, na passada terça-feira.
Com esta eleição, vieram as manifestações um pouco por todo o mundo. A meu ver, manifestações eufóricas e excessivas.

Quer-me parecer que se vive um período de excitação, vivida pelo povo Português, semelhante aquando à ida a uma competição internacional pela selecção Portuguesa, mas desta feita à escala mundial.
O pobre Homem ainda pouco demonstrou e já se faz dele uma imagem de um Obama messiânico, o salvador, o Homem que nos irá conduzir à salvação.

Não estou a dizer com isto que Obama não corresponderá às expectativas que nele depositam, peço desculpa... depositamos, pois também me incluo. Mas nele deposito a minha esperança, nada mais.

Espero que governe da forma como anunciou na campanha que fez, sabendo ter inteligência sabendo estar e tomando as decisões acertadas no delineamento da sua campanha. Que prove que é possível PODER MUDAR.

No entanto seria necessário, creio eu, que houvesse talvez, um pouco de menos excitação. É necessário esperar e deixar que o Homem comece a "por as mãos à obra".
Do modo como assisti aos festejos e a esta excitação excessiva, que Obama trabalhará sobre grande pressão correndo o risco de se tornar numa grande decepção.

Vamos acreditar, sim... mas de forma comedida.
Uma esperança... nada mais!

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Uma Coragem Cobarde...

Olá o meu nome é Mário.
Sou um Português da classe média-baixa, como muitos outros, e sempre trabalhei arduamente na tentativa que nada faltasse à minha família, e proporcionar aos meus dois filhos a educação que nunca me foi possível ter.
Durante anos assim foi, mas a minha juventude foi-se perdendo e o longo caminho a que chamam VIDA sido percorrido.
Os meus filhos cresceram de forma robusta e foram singrando na vida, cada um à sua maneira, igualmente de forma árdua, mas penso que nunca tiveram as carências que eu cheguei a ter.
Invernos passaram... Verões também...
Aos poucos, a família foi crescendo e eu, uma vez, que já tinha criado os meus, que por sua vez já criavam os seus (o meu neto e as minhas duas netas),ansiava o que pensava que merecia, uma reforma!
A reforma que me permitia voltar às minhas origens, à minha Terra. A ideia seria, com minha esposa, minha querida esposa, puder acabar os meus dias, na sua companhia de volta das nossas hortas e vinhas, longe desta plantação chamada urbanização.
Mas... eis quando senão, poucos meses antes da reforma tão ansiada, fui vítima de um AVC que me paralisou o lado direito do corpo.
O membro superior ficou totalmente paralisado, mas o inferior depois de alguma fisioterapia e de muita força de vontade lá fui conseguindo-o arrastar. Literalmente, acreditem... quantos pares de sapatos não gastei eu!!!!
Muitas vezes, dei por mim a fazer coisas que gente totalmente capacitada, não fazia... tal era a minha vontade, o meu querer. Nunca me dava por vencido!
Com o apoio da minha mulher, meus filhos e minha família fui ultrapassando este obstáculo que era a dureza de uma perna adormecida e a incapacidade de mover o braço. Enfim nada que um homem com capacidade mental, não ultrapasse.
Há cerca de 9 anos, sofri uma das dores mais fortes do mundo. Minha mulher morreu vítima de cancro.
Perdi uma das três coisas, com que neste Mundo fui abençoado. Foi implacável... perdi a minha companheira, um dos pilares em que a minha pirâmide assentava. Foi um golpe duro, do qual jamais me viria a curar. Uma ferida aberta que nunca viria a fechar.
Passaram-se 9 anos e embora tivesse o apoio e ajuda dos meus filhos e da minha família, acho que nunca fui compreendido e as minhas ideias e prioridades eram contrariedades aos olhos de outros.
Há dois anos que vim para um lar. Foi de livre vontade, pensei que vir para uma aldeia próxima da minha, para junto de alguns familiares com quem partilho esta casa, fosse, de alguma forma, de me sentir menos só, de preencher um pouco do vazio que mora dentro do meu peito já algum tempo.
Hoje reconheço, talvez não tenha sido...
Assim, sozinho, incompreendido e dependente, sinto que "não ando cá a fazer nada".
Sinto que já vivi muito. Já passei por tudo o que queria passar. Já chorei muito, já ri muito, já sofri muito. Já senti alegria e tristeza muitas vezes. Já amei seis vezes e odeie algumas. Já tive sensações e sentimentos que muita gente nunca irá experimentar.
Acho que não tenho mais nada que queira fazer, neste mundo estúpido!
Peço desculpa aos meus filhos, aos meus netos e família, mas no meio de tanto obstáculo, não consigo ver, de forma tão clara, nenhuma saída que não, a que estou a ver, neste momento.
Vou morrer da forma que sempre quis, da forma como sempre afirmei que iria morrer.. "com uma corda à volta do pescoço...
Adeus MUNDO INJUSTO!

Eu digo:
-"ADEUS AVÔ!"